"Gus" escolheu tal nome para sua espaçonave por dois principais motivos: a palavra Liberty tinha relação com o nome da missão anterior (Freedom) e Bell que, em inglês, significa "sino", relembra o formato da cápsula espacial do projeto Mercury. Além disso, Liberty Bell, que em tradução livre significa "Sino da Liberdade", faz clara referência a um dos mais notáveis símbolos da independência, nacionalismo e liberdade nos EUA.
À exemplo da missão anterior, a Liberty Bell 7 também foi impulsionada por um foguete Redstone e esta seria a última vez que tal foguete seria utilizado em um vôo tripulado visto que, nas próximas missões (cujo objetivo era realizar, ao menos, uma órbita ao redor do planeta), os foguetes Atlas (mais potentes e, por consequência, de maior alcance) seriam utilizados.
As principais diferenças entre as naves de Gus Grissom e Alan Shepard eram as seguintes: a nave de Gus possuía uma janela em formato de trapézio (a nave de Shepard não tinha nenhuma janela e o pouco que conseguiu visualizar durante o vôo foi através de um periscópio utilizado enquanto esteve em gravidade zero) e uma escotilha explosiva, que permitiria ao astronauta evacuar a nave rapidamente em caso de emergência.
Tecnicamente, os dois vôos foram muito semelhantes nas questões referentes à altitude (quase 190 km), distância percorrida (pouco mais de 480 km), velocidade máxima (mais de 8200 km/h), força da gravidade (11.5 g) e tempo de duração (pouco mais de 15 minutos). Entretanto, a Liberty Bell 7 trouxe o primeiro grande susto à NASA e ao astronauta...
No momento do pouso no Oceano Atlântico a escotilha explosiva, de fato, explodiu e começou a inundar a cápsula da Liberty Bell 7 com o astronauta ainda à bordo. Ele conseguiu se desprender de seu assento e se lançou ao mar enquanto o helicóptero da Marinha Americana ainda tentava "salvar" a cápsula. Entretanto, o traje espacial de Gus também começou a se encher de água mas, antes que algo pior acontecesse, o helicóptero de resgate o recuperou com segurança.
Gus foi "acusado" de explodir acidentalmente a escotilha mas uma comissão que investigou o fato comprovou as palavras do astronauta que afirmava que a escotilha tinha se acionado por si só. Em função desse episódio, vários futuros vôos da NASA não contariam com tal artefato. Ironicamente, dentre eles estaria o vôo que seria realizado pela Apollo 1 (da qual Gus Grissom era o comandante e perdeu a vida em um incêndio durante um teste de rotina, justamente por não conseguir evacuar da nave à tempo pela ausência de uma escotilha explosiva).
A cápsula da Liberty Bell 7 ficou submersa por 38 anos e foi resgatada (em bom estado de conservação) no dia 20 de julho de 1999. Após ser desmontada e limpa pela equipe do Kansas Cosmosphere and Space Center, a cápsula percorreu uma "turne nacional pelos EUA" até meados de 2006 e retornou ao Kansas onde está exposta até os dias de hoje.
Insígnia da missão "Liberty Bell 7"
"Gus" Grissom poucos instantes antes
de embarcar em sua missão
de embarcar em sua missão
Lançamento da "Liberty Bell 7"
impulsionada pelo foguete Redstone
Astronauta Virgil I. "Gus" Grissom
sendo resgatado pela Marinha
enquanto sua cápsula submerge
no Oceano Atlântico
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